O meu olhar é nítido como um girassol.

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

PESSOA Y SUS HETERONIMOS.

Fernando Antonio Nogueira Pessoa (1888-1935), nació en Lisboa el 13 de junio, a las 3 de la tarde. Entre 1896 y 1905 vivió en Durban, Sudáfrica, donde su padre era cónsul, de forma que el idioma inglés se convirtió en su segunda lengua; de hecho, trabajó como traductor técnico y sus primeros trabajos están escritos en inglés.

En 1906 se matricula en el Curso Superior de Letras en Lisboa, pero lo abandona un año más tarde.

En 1914 empieza a escribir poemas de sus heterónimos (personalidades dentro de sí mismo, distintos alter egos). Colabora en revistas culturales como Orfeu que surge en 1915, Atena dirigida por él mismo y Ruy Vaz a partir de 1924, o Presença en 1927.

En 1926 Pessoa requiere la patente de invención de un Anuario Indicador Sintético, por Nombres y Otras Clasificaciones, Consultable en Cualquier Lengua. En esta época dirige junto con su cuñado la Revista de Comercio y Contabilidad. En 1934 aparece Mensagem, el único libro que se publicó mientras vivía.

Muere en Lisboa el 30 de noviembre de 1935. Tenía 47 años.

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